Ceia de Final de Ano

Por Roberto Pereira
Gastrônomo

  • Ano que vem começo meu regime
  • Vou parar de fumar
  • Não vou mais brigar com fulano

São tantas promessas que fazemos todos os anos, mas, se cumprirmos metade delas, demo-nos por satisfeitos. Sem contar as tradições que seguimos para atrair riqueza, saúde, o amor verdadeiro… se dão realmente certo? Comigo ainda não – rsrsrsrsr.
As comemorações de final de ano variam de cultura para cultura, mas universalmente a entrada de ano é comemorada mesmo que em datas diferentes.
A mudança passou a ser comemorada no 1º de janeiro de 153 a.C. Antes disso, comemorava-se o recomeço do ciclo anual em 23 de março. A escolha dessa data foi feita pelos babilônios, povo que habitava o hemisfério norte 2000 anos antes da era Cristã, pela lógica de que o inverno termina no final de março e a primavera se inicia, com o início das plantações das novas safras, daí a ideia do recomeço.
A escolha do 1º de janeiro se deu pelos romanos aleatoriamente. O dia 1º de janeiro foi reconhecido como “Dia do Ano Novo” com a introdução do calendário gregoriano instituído pela Espanha, França, Portugal e Itália em 1582, tornando-se um calendário quase universal. Mesmo em alguns países não cristãos, ele foi adotado às tradições civis, apenas mantendo-se o outro calendário para fins religiosos.
Na China, as festas de virada de ano se dão no final de janeiro ou no início de fevereiro. Durante os festejos os chineses fazem seus shows pirotécnicos e desfiles. No Japão, a virada do ano se dá entre 1 a 3 de janeiro.
A comunidade judaica tem seu calendário próprio e sua festa de ano novo ou Rosh Hashaná – Festa das Trombetas – dura dois dias do mês Tishrê, que ocorre em meados de setembro e início de outubro do calendário gregoriano. Para os islâmicos, o ano novo é celebrado em meados de maio, marcando um novo início. A contagem corresponde ao aniversário da Hégira (em árabe, emigração), cujo ano zero corresponde ao nosso, pois nesta ocasião, o profeta Maomé deixou a cidade de Meca estabelecendo-se em Medina.
Agora que conhecemos um pouquinho da história, vamos falar de comida!!!
Na noite de 31 de dezembro muitas famílias se reúnem para celebrarem a virada do ano. Algumas fazem verdadeiros banquetes, já outras se viram como podem com o que têm. Seguindo às tradições que recebemos dos nossos ancestrais europeus (em especifico os portugueses, espanhóis e italianos) seguem algumas sugestões para produzirem uma Ceia de Final de Ano “econômica”, porém diversificada e bonita aos olhos.
Ainda em clima das festividades de final de ano, vamos dar algumas ideias de como montar a sua ceia com o que temos em nossa cesta de final ano, valorizando o que nosso Brasil tem de melhor, além do seu povo, as tradições e a sua culinária.
Vendo que os tempos de hoje não estão nada fáceis com a crise econômica, devemos aproveitar ao máximo o que temos em nossas dispensas e o que recebemos nas cestas de fim de ano. Por que não usarmos o que o nosso país tem de tão saboroso? Devemos aproveitar o que muitas vezes temos em nossos quintais, ou até mesmo nas ruas de nossas cidades. Bem, vamos ao que interessa logo né. A CEIA DE FINAL DE ANO!!!!
Lembrando que não podemos fugir às tradições que conhecemos há anos, comer lentilhas para trazer riqueza, uva que representa a docilidade de cada mês que viveremos, romã que representa a fertilidade, e o porco ou o peixe representam o progresso. Deixando as superstições de lado, se não trabalharmos todos os dias não veremos nada disso mesmo.
Seguem algumas ideias de como aproveitar a sua cesta de fim de ano:
1º Arroz de Festa com espumante branco, uvas passas, lentilha, nozes
2º Purê de mandioquinha com crocante de bacon ou cebola caramelizada
3º Copa lombo à Califórnia (abacaxi, pêssego em caldas e cereja)
4º Frango desossado com farofa de umbigo de bananeira e bacon
5º Macarrão Alfredo (releitura) creme de leite, queijo parmesão e bacon
6º Farofa Natalina (farinha de mandioca ou de milho, azeitonas verdes, uvas passas, bacon, cebola, cheiro verde e nozes)
7º Salada caprese (releitura): alface americana, tomates (cereja), queijo à escolha, româ e molho pesto
8º pavê de paçoca ou panetone com sorvete de creme e lascas de amêndoas

Arroz de Festa com Espumante
Ingredientes
2 xicaras de arroz cru e lavado
2 xicaras de água fervida
2 xicaras de espumante branco à sua escolha)
Meia cebola ralada
1 dente de alho picado
½ xicara de uvas passas
1 xicara de lentilha já cozida
½ xicara de nozes ou castanha à sua escolha
Cheiro verde à gosto
4 colheres de sopa de óleo
Sal à gosto
Modo de preparo
Após lavar o arroz e deixa-lo escorrer, frite a cebola e o alho no óleo, coloque o arroz e frite. Acrescente a água e o espumante, deixe cozinhar em fogo baixo por +/- 15 minutos. Cozinhe a lentilha em separado por uns 15 minutos, até ficarem al dente. Reserve. Hidrate as uvas passas em água, quebre as nozes com auxílio de um martelo de carne, e torre as nozes na frigideira SEM óleo. Após o cozimento do arroz e da lentilha, acrescente todos os ingredientes e misture com o cheiro verde. É só aproveitar agora.

Frango desossado com farofa de umbigo de bananeira e bacon
Ingredientes
1 frango desossado (peça ao seu açougueiro amigo para desossar pra você)
Sal à gosto
Pimenta do reino à gosto
Alho à gosto
Vinagre ou limão
Orégano à gosto (opcional)
Páprica à gosto (opcional)
2 a 3 batatas cortadas em rodelas com casca

Farofa
½ kg de farinha de mandioca ou de milho
1 umbigo de bananeira (parte de baixo do cacho da bananeira que muitos jogam fora)
1 cebola picada
200 gr de bacon picadinho
1 colher de sopa de manteiga
Salsinha à gosto

Modo de fazer
Tempere o frango desossado com a sugestão acima ou ao seu gosto, pelo menos umas 2 horas antes do preparo e deixe na geladeira.
Corte o umbigo de bananeira e lave-o. Ferva-o por três vezes e reserve.
Coloque a manteiga numa panela com um fio de óleo para fritar o bacon, a cebola e o umbigo da bananeira. Acrescente a farinha de sua preferência, corrija o sal e acrescente a salsinha. Misture e reserve.
Após tudo pronto, recheie o seu frango com a farofa, enrole-o como um rocambole e amarre-o com um barbante. Coloque-o numa forma um fio de azeite ou óleo, disponha as batatas pré cozidas em água na forma e coloque o frango sobre as batatas. Cubra com papel alumínio e leve ao forno a 180º C por uns 40 minutos. Retire o papel alumínio e deixe dourar.
Purê de Mandioquinha com bacon crocante
Ingredientes
600/800 gr de mandioquinha
200 gr de bacon picadinho
Sal à gosto
100 gr de creme de leite (meia caixinha)
½ xicara de leite
Noz moscada (opcional)
2 colheres de sopa de manteiga

Modo de fazer
Descasque a mandioquinha com o auxílio de uma colher (veja que será muito mais prático). Coloque água para ferver. Corte a mandioquinha em pedaços e ferva-a. Escorra e esprema-as com um garfo, ou espremedor de batatas. Numa panela coloque a manteiga e frite o bacon. Retire o bacon e nessa mesma panela coloque o leite e a mandioquinha espremida e misture bem. Corrija o sal e coloque a noz moscada. Acrescente o creme de leite.

Salada Caprese (releitura)
Ingredientes
1 pé de alface americana lavada e higienizada com hipoclorito de sódio ou vinagre
2 a 3 tomates sem sementes cortados ao meio e fatiados ou, 1 caixinha de tomatinho cereja cortados ao meio
½ romã (somente as sementes)

Molho Pesto

1 dente de alho sem o gérmen (miolinho)
1 xicara de manjericão (caso queira substituir, use ½ maço de rúcula)
½ xicara de amendoim torrado e processado grosseiramente
1 a 1 ½ xicara de azeite ou óleo de sua preferencia
Sal à gosto
2 colheres de sopa de cheiro verde
Modo de preparo
Em um liquidificador coloque o azeite, o alho, o manjericão (ou a rúcula) o sal e processe tudo. Caso seja necessário corrija o sal. Acrescente o amendoim e processe muito rápido. Coloque a sua salada na saladeira, regue com o molho pesto e sirva.

Após essas sugestões, inventem e aproveitem todos os ingredientes que a nossa culinária brasileira tem a nos oferecer de melhor. Agora é só colocar as mãozinhas para trabalharem, e preparar a sua Ceia de Final de Ano com muita criatividade. Jamais disperdessem o que temos em nossas dispensas e geladeiras.
Na minha opinião, o que cometemos como MAIOR “gafe”, é o não aproveitarmos o TUDO que o nosso Brasil nos oferece na cultura e em alimentos tão ricos e saborosos, e “internacionalizarmos” as nossas raízes com as culturas de fora.

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