Universidade desenvolve motor a etanol que propicia o mesmo consumo de combustível de motores à gasolina

O motor movido a etanol com eficiência igual a do diesel e consumo de combustível inferior ao da gasolina acaba de ser desenvolvido por pesquisadores da UFMG – Universidade Federal de Minas Gerais. O estudo acaba de ser concluído e prova que esta tecnologia pode facilmente ser adaptada em automóveis de pequeno e grande portes no país desde que haja interesse dos órgãos públicos e privados.
A viabilidade do motor movido a etanol será apresentada durante o “IV Seminário Sobre Etanol Eficiente”, organizado pelo INEE – Instituto Nacional de Eficiência Energética -, que será realizado no dia 25 de outubro, no Tech Center Mahle (Rodovia Anhanguera, sentido interior-capital, Km 49,7), das 8h30 às 17h, em Jundiaí (SP). O programa completo do evento e as inscrições estão disponíveis no site www.inee.org.br.
A pesquisa em laboratório, desenvolvida sob a coordenação do professor e engenheiro mecânico José Guilherme Coelho Baêta, do Centro de Tecnologia da Mobilidade da UFMG e palestrante no Seminário, resultou na criação de um motor 1.0, de 185 cavalos de potência e movido a etanol com eficiência superior aos movidos a gasolina e equivalente, em eficiência, aos que utilizam diesel. O estudo acaba com o conceito de que o etanol consome 30% a mais se comprado a gasolina. “O etanol sempre superou a gasolina em termos de eficiência energética. A novidade aqui é a paridade de consumo de combustível”, explica o professor.
Depois de 14 anos de estudos em busca de tornar o uso do etanol mais viável, pela primeira vez os pesquisadores conseguiram atingir o máximo de sua eficiência, inclusive superando os demais combustíveis. Os pesquisadores modificaram todo o sistema de combustão do motor e reduziram o tamanho da câmara de combustível para facilitar a queima do etanol com cargas elevadas.
O professor Baêta explica que o combustível fóssil tem uma vida útil pequena, de 40 anos, aproximadamente, e que no futuro não será possível depender só de sistemas elétricos. Por isso, é preciso desenvolver tecnologia a partir do uso de matrizes energéticas renováveis. “Cerca de 45% da matriz energética de combustível no Brasil vem de fontes renováveis, enquanto que em outros lugares do mundo este índice gira entorno de 11%. Isso significa que temos condições de sermos autossuficientes, adaptados à realidade do clima tropical”, compara. 
Falta de incentivo
Desde o Proálcool – Programa Nacional do Álcool -, financiado pelo Governo Federal entre as décadas de 1970 e 1990 para substituir o petróleo por álcool combustível (termo usado para o etanol na época), não se investiu mais em larga escala em estudos e no desenvolvimento de tecnologias em projetos envolvendo o motor a etanol. O desinteresse das indústrias e universidades contribuíram para que o setor automobilístico brasileiro não se modernizasse de acordo com o potencial energético, tornando-se cada vez mais dependente da tecnologia estrangeira.
Como cada região do planeta dispõe de matrizes energéticas diferentes, as tecnologias desenvolvidas também são diferentes para adaptá-las. Segundo o professor Baêta, as montadoras da frota brasileira são multinacionais e as tecnologias dos veículos são trazidas de fora, desenvolvidas de acordo com os recursos energéticos estrangeiros e não com os renováveis que o Brasil dispõe.
“Ficamos atrasados no desenvolvimento de tecnologias nacionais e isso é uma ignorância do mercado, que não valoriza o que é daqui. Precisamos quebrar paradigmas e deixar de exportar nossas riquezas como matéria prima e, sim, exportar produtos já transformados aqui”, conclui o professor.
Seminário
O seminário discute ainda a utilização do etanol na frota da agroindústria brasileira, visando a redução de custos e de impactos ambientais, a utilização de tecnologias variadas e os desafios e perspectivas de uso do Certificado de Redução de Emissões (CRE) que será criado pelo programa RenovaBio.
Programação – 25 de outubro
08:30 Inscrições e Credenciamento
09:00 Abertura
  • Apresentadores
Jayme Buarque de Hollanda – Diretor Geral do INEE
Ricardo Abreu – Diretor de Pesquisa e Desenvolvimento da Mahle
Elizabeth Farina – Presidente UNICA
Etanol, o combustível automotivo ideal
09:15 Tecnologias
A substituição do diesel etanol por etanol pode ocorrer tanto em motores ciclo Diesel quanto em motores Otto otimizados quanto, ainda, através da hibridação.

  • Coordenadores 
Francisco Emílio Baccaro Nigro – Professor da Escola Politécnica da USP
  • Palestrantes 
Marcos Clemente – Gerente de Serviços Científicos da Mahle
Eficiência energética com sustentabilidade: o etanol e os combustíveis de alta octanagem
Hugo Nicioli – Engenheiro da SCANIA da área de tecnologias para combustíveis alternativos
Motores diesel com etanol – experiência da Scania
Rubens Avanzini – Gerente de Desenvolvimento de Sistemas da Bosch para Veículos Comerciais
Motor Biocombustível – diesel e etanol – experiência Bosch
José Guilherme Baêta – Professor da UFMG
Motores Otto a etanol, mais compactos, eficientes e potentes
José Roberto Moreira – Professor da USP e FAPESP
Aumentando o interesse pela P&D de Motores a Etanol

13:00 Almoço

14:15 Usos
O tema interessa ao setor de cana, que consome 2,5 bilhões de litros de diesel por ano no plantio, colheita, transporte e irrigação e ao transporte público sujeito a restrições ambientais cada vez mais severas. Interessa também ao transporte público urbano, onde emissões do diesel prejudicam a saúde pública.
  • Coordenadores
Pietro Erber – Diretor do INEE
  • Palestrantes
Jayme Buarque de Hollanda – Diretor Geral do INEE
Substituição do diesel por etanol na agroindústria da cana-de-açúcar
Ieda Maria de Oliveira – Diretora da Eletrabus
Ônibus híbridos a etanol – uma possibilidade a estudar para uso urbano
15:30 Política
O uso automotivo do etanol é a única alternativa de transporte que concilia uso de combustíveis e baixas emissões locais. O Brasil é o país melhor capacitado para demonstrar essa alternativa, devendo, para tanto, elevar ao máximo a eficiência no seu uso. Discute-se como adequar barreiras regulatórias técnicas e mercadológicas para atingir este objetivo.
  • Debatedores
Waldyr Gallo – Professor UNICAMP
Luciano Rodrigues – Gerente de Economia e Análise Setorial da UNICA
Giovani Machado – Superintendente de Gás Natural e Combustíveis da EPE – Empresa de Pesquisa Energética
Artur Yabe Milanez – Gerente setorial do Depto do Complexo Agro Alimentar e Biocombustíveis, BNDES
Carlos Orlando Enrique da Silva – Superintendente de Biocombustíveis e Qualidade de Produtos da ANP
  • Coordenadores
Marcos José Marques – Presidente do Conselho Diretor do INEE
17:30 Encerramento

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