Diploma supervalorizado

Ter um diploma de curso superior vale muito no Brasil. Pesquisa da Organização para Cooperação do Desenvolvimento Econômico (OCDE), divulgada na semana passada, mostra que um trabalhador graduado tem em média um salário 140% maior do que quem parou os estudos no ensino médio. Essa diferença é a mais destacada entre os 40 países membros da organização. O estudo só encontrou discrepância maior de 100% nas nações da América Latina: Brasil, Chile, Colômbia, Costa Rica e México. Em contrapartida, Suécia, Estônia e Noruega tiveram as menores diferenças, inferiores ou iguais a 25%.
A OCDE particulariza o caso do Brasil, país em que apenas 15% das pessoas entre 25 e 64 anos possuem curso superior – abaixo da média global, (37%) e dos nossos vizinhos sul-americanos (22%): a rede pública é insuficiente para atender à demanda e faltam opções de financiamento para o ensino superior como empréstimos e bolsas. Isso porque 75% dos estudantes em graduação estão em universidades privadas, enquanto a média mundial é de 33%. Com o agravamento da crise econômica dos últimos anos, o governo federal reduziu os investimentos para os financiamentos públicos da educação – casos do Fies e do Prouni. Sem a ajuda governamental, a evasão escolar também aumenta, pois grande parte não consegue arcar com as despesas das mensalidades.
A supervalorização do diploma de graduação está intimamente ligada à desvalorização o ensino médio, que sofre com a baixa qualidade do ensino e o descolamento do mundo do trabalho. Essas são as principais causas para a alta diferença salarial. Uma das opções para sanar o problema é o investimento no ensino técnico. Mas nesse quesito o Brasil também engatinha, em relação ao que ocorre com outros países: apenas 9% dos estudantes seguem essa modalidade de ensino, enquanto a média dos membros da OCDE é de 46%.
Com 53 anos de experiência na inserção de jovens no mercado de trabalho, o CIEE acredita que o estágio e a aprendizagem são mecanismos importantes para a qualificação prática de jovens nos ensinos médio, técnico, tecnológico e superior. Além de atuar ao lado de profissionais experientes e conhecer na prática as demandas de sua profissão, o estagiário recebe uma bolsa-auxílio (no caso do aprendiz, um salário) que ajuda no pagamento das mensalidades e, consequentemente, na continuidade dos estudos, o que pode garantir, em um futuro próximo, uma remuneração acima da média.

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