A cada dez produtos exportados do Brasil para Angola, nove são alimentícios

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Presidente do conselho de Administração da AIPEX fala das relações de Angola com o Brasil, das oportunidades aos investidores e do desenvolvimento do país africano

Brasil e Angola, na África, possuem estreita relação em vários setores como turismo, cultural e, principalmente, econômico. A proximidade entre os dois países vem desde 1975, logo desde o início do Estado Independente de Angola; o Brasil foi um dos primeiros a reconhecer a independência do país africano que era colônia portuguesa.

Com aproximadamente 32 milhões de habitantes, Angola tem busca ao longo dos anos dispositivos e constituído órgãos para possibilitar a aproximação como países como Brasil. O destaque é para a atuação da AIPEX (Agência de Promoção de Investimentos e de Exportações), criada para promover as exportações, captação de investimento privado, registo de propostas de investimento, apoio institucional e acompanhamento da execução dos projetos de investimento e internacionalização das empresas angolanas, entre outros importantes serviços que contribuem para o desenvolvimento do país.

A Mais conversou com António Henriques da Silva, presidente do conselho de Administração da AIPEX. Na entrevista a seguir ele fala das relações de Angola com o Brasil, das oportunidades aos investidores, do desenvolvimento de Angola e de como a AIPEX tem atuado junto ao governo angolano para fomentar as exportações e manter o desenvolvimento do país. Confira!

1 – Sendo o Brasil o primeiro país a reconhecer a independência de Angola em 1975, abriu-se uma imensa oportunidade de negócios. Na sua concepção, hoje, quais as oportunidades e facilidades para um investidor brasileiro poder fazer investimentos em Angola?

Como dizem, “a história nunca se apaga”. As relações entre Angola e o Brasil datam logo desde o princípio do Estado Independente de Angola, em 1975. Os nossos dois povos possuem ligações históricas, culturais, sociais e humanas que nos tornam em países irmãos. Milhares de angolanos, nossos antepassados, foram levados para o Brasil, em épocas e condições diferentes, que culminaram com a criação de raízes, com as quais hoje o povo brasileiro passou a estar identificado. Os seus descendentes estão grandemente espalhados pelo Brasil, contribuindo para o seu engrandecimento sócio-económico e cultural.

Angola é um país com imensas oportunidades de investimentos para os investidores brasileiros. Como sabe, a economia do nosso país é altamente sustentada pelas receitas provenientes da venda do petróleo. Por isso, é urgente a diversificação da nossa economia. Neste sentido, os principais setores de atração de investimento, e que são a nossa prioridade, incluem o turismo de negócio, agricultura e agronegócio, indústria transformadora (indústria alimentar, processamento de carne, eletrônicos etc), tecnologias de informação, transportes, infraestruturas e energias renováveis.

2 – Angola tem aproximadamente 32 milhões de habitantes, e a cada dez produtos exportados do Brasil para Angola, nove são alimentícios. Qual a razão dessa proporção?

O setor da indústria alimentar do Brasil é dos mais avançados a nível internacional e a carência de indústrias de transformação alimentar no nosso país obriga a que boa parte do produto consumido internamente seja importado. Tem assim o Brasil a primazia de ser um dos principais fornecedores de Angola em matéria alimentar, tanto pelos laços linguísticos como pelos gostos e sabores alimentares. Além disso, vários dos produtores que hoje em dia operam no setor do agronegócio em Angola possuem formação no Brasil, e temos a certeza que as boas práticas de produção alimentar que o Brasil possui poderão ser em maior medida replicadas em Angola, pelos brasileiros que operam cá no setor industrial e no agronegócio e pelos nacionais que matêm um contato de proximidade com os peritos brasileiros, inclusive numa perspectiva de olhar para o futuro e do potencial de negócios (produção e exportação) que o continente africano apresenta com a criação da Zona de Comércio Livre Continental Africana.

3 – Por que o açúcar se destacar frente à importação de carnes? Onde e de que forma se consome este insumo?

O açucar faz parte da cesta básica. Além disso, ele é usado não só para o consumo alimentar como também industrial, para a transformação de diversos produtos que usam o açucar como matéria-prima.

4 – Desde a assinatura do Acordo de Parceria Estratégica firmada em 1980, com diversas frentes, de lá pra cá, no que o Brasil tem mais influenciado no dia a dia de Angola?

Além dos produtos que consumimos em Angola, provenientes do Brasil, temos também uma boa parte dos produtores agrícolas e do agronegócio de origem brasileira a operar em Angola. Isto no setor econômico. No setor cultural, não se pode deixar de realçar a relação que existe entre o Carnaval do Brasil e as culturas angolanas. Muitos angolanos viajam para o Brasil para turismo, formação acadêmica, investigação científica e até consultas médicas.

5 – Qual a relação da AIPEX junto ao governo angolano?

A AIPEX (Agência de Investimento Privado e Promoção das Exportações de Angola) é uma pessoa coletiva de direito público, dotada de personalidade jurídica, autonomia administrativa, financeira e patrimonial, vocacionada para promoção das exportações, captação de investimento privado, registo de propostas de investimento, apoio institucional e acompanhamento da execução dos projetos de investimento e internacionalição das empresas angolanas. A AIPEX foi criada ao abrigo do Decreto Presidencial nº 81/18, de 19 de março de 2018, e está sujeita à superintendência do Titular do Poder Executivo, exercida por intermédio do Ministro do Estado para a Coordenação Econômica.

6 – Angola é um país em pleno desenvolvimento, porém, com as necessidades oriundas e inerentes de seu crescimento. Como que a AIPEX tem atuado junto ao governo angolano para fomentar as exportações e manter o desenvolvimento do país?

Como parte das suas principais atribuições, à AIPEX cabe: Promover e captar investimentos privados de origem interna e externa suscetíveis de contribuir para o desenvolvimento socioeconômico de Angola; Assegurar a recepção e acompanhamento das propostas de investimento privado a realizar em Angola; Promover a captação de investimento direto estrangeiro para os setores estratégicos da economia nacional; Promover o incremento e diversificação das exportações de produtos e serviços de Angola; Contribuir para a criação de condições propícias para a realização de investimento privado em Angola; Supervisionar e controlar a execução dos projetos de investimento privado aprovados;

É também missão da AIPEX executar políticas e programas de substituição das importações e aumento das exportações. A AIPEX é o interlocutor único do investidor em todas as fases do processo de investimento, através da articulação institucional apoia os investidores, acompanha as propostas de investimento e assegura as condições para a boa execução dos projetos de investimento.

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