SÍTIO FLOREADA, UM COLORIDO A MAIS EM SUA VIDA

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Exemplo de adaptação e competência para sobreviver
à crise e às mudanças do mercado de flores

A primavera começou e junto com ela voltou a florir um certo otimismo por parte do mercado floricultor brasileiro, que viveu um tenebroso inverno após a chegada da pandemia da Covid-19. Na fase aguda da crise, os produtores amargaram perdas milionárias e um enorme desperdício na cadeia de produção.

A situação começou a melhorar com a mudança do comportamento dos consumidores nos últimos meses que, motivados pelas campanhas sobre os benefícios das flores e plantas ornamentais nos lares, começaram a desfrutar do prazer de conviver com a natureza durante o confinamento social.

Com as vendas em processo gradual de recuperação, os produtores de Holambra – capital nacional das flores – comemoram o aumento de 10% nas vendas, em agosto de 2020, na comparação com o mesmo período do ano passado, segundo o Ibraflor.

O tradicional Sítio Floreada, de Holambra, especializado no cultivo de plantas ornamentais bastante usadas em eventos, dá uma dimensão do tamanho do impacto que o vírus trouxe ao mercado de flores e plantas. “Chegamos a ter quase 150 funcionários. Depois de separar a sociedade com meus irmãos, ficamos com cerca de 90 e, na pandemia, tivemos que jogar fora 450 mil vasos de crisântemos e dispensar 40% dos funcionários. Hoje estamos com 55 colaboradores”, conta Gradus Joanes Antonius Kortstee, proprietário da empresa.

O sítio é um dos maiores produtores da espécie de crisântemo “Bola-Belga”, encontrada em várias cores (branca, amarela, grená, etc.) e tamanhos. São muito usadas em arranjos para festas ou para decorar ambientes internos, pois o preço é relativamente em conta, e causam grande alegria ao ambiente. O cultivo desde a muda é bastante sofisticado e as plantas compradas geralmente vem com floração abundante. Além do Bola-Belga, o sítio produz Ficus, Orquídea Phaleanopsis, Primavera e Ipomoea Black.

DO GADO AO CULTIVO DE FLORES

O produtor Gradus é um daqueles típicos filhos de imigrantes holandeses que fizeram do cultivo da terra um negócio em família que passa de geração para geração. Ele administra a empresa junto com a esposa Luciane Miranda Kortstee, a filha Letícia M. Kortstee e o filho Gradus Vinicius M. Kortstee. Seus pais vieram para o Brasil em 1956 de navio, numa época em que muitos holandeses vinham para cá, alguns se estabeleciam, ganhavam dinheiro e fincavam raízes e outros não se adaptavam e acabavam voltando para a Europa.
“Meu pai se casou em 1956 e não tinha muita opção na Holanda, pois geralmente o filho mais velho virava padre, o segundo proprietário e o resto que se virasse. Ele e minha mãe ouviram falar que existia uma comunidade no Brasil, que tinha uma cooperativa para assessorar os imigrantes, e resolveram vir. Meu pai comprou um pouco de gado holandês que a cooperativa havia trazido da Holanda, começou com gado leiteiro, galinha poedeira e tinha porcos, mas tudo em escala bem pequena”, relembra.
Depois partiram para lavoura de arroz, café, milho, algodão e frutas cítricas como laranja e limão, que prevaleceram por algum tempo na região pois eram comercializadas em sistema de cooperativa, o que facilitava a vida dos produtores.
A flor entrou na vida da família Kortstee em meados da década de 1980, através da irmã de Gradus, Willy Kortstee, que começou a estagiar em uma propriedade do município que produzia mudas de violeta. Nessa época, foi sugerido a ela que plantasse azaleia e samambaia com o apoio e assessoramento da cooperativa para o cultivo e a comercialização. Ela decidiu viajar até a Holanda para aprender mais sobre as espécies e acabou se casando por lá e não voltou mais ao Brasil. Com isso, os irmãos assumiram a produção paralelamente ao cultivo das frutas e o negócio das flores cresceu rapidamente até que se tornaram os maiores produtores de azaleias da região.
Após terminarem a faculdade, os irmãos criaram um projeto novo e montaram estufas em duas propriedades que na época funcionavam exclusivamente como granjas. Rapidamente os frangos deram lugar às plantas. “Começamos com ficus, tínhamos 4 hectares, 3 hectares de crisântemos de tamanho médio e no outro sítio tínhamos uns 3 hectares do crisântemo tamanho pequeno. Fazíamos 4 mil ficus por semana, 40 mil vasos do crisântemo médio por semana e 40 mil crisântemos pequenos por semana… Era uma fábrica!”, recorda um saudoso e orgulhoso Gradus.

ADAPTAÇÃO ÀS INTEMPÉRIES DO MERCADO

Após um período de crescimento, o mercado do ficus teve um momento de queda e a concorrência do crisântemo aumentou consideravelmente. Gradus relembra como foi: “Gastávamos muito com regulador do crescimento porque o crisântemo é uma planta que se você der luz ela cresce e se não quer que ela cresça então precisa ser colocada no escuro para florescer. A gente dava muita luz, muita energia e depois colocava no escuro, então era um pote lotado de flor com a melhor qualidade que tinha em Holambra. Há 20 anos fomos uns dos primeiros a usar máquina importada para encher vaso, o pessoal plantava na máquina. Como o preço era bom, mais gente quis fazer o produto”, detalha.
Com mais gente produzindo, o preço do crisântemo caiu e a empresa diminuiu a produção e foi atrás de alternativas, como kalanchoe e kalandiva. Como havia grandes produtores nesse segmento, a família decidiu abandonar essas espécies e voltar ao crisântemo, mas com outra variedade, o Crisântemo Bola-Belga. Em 2010 adquiriram o Sítio Gota D’Água, em Mogi Mirim, e dois anos depois construíram 2,5 hectares de estufa, iniciando a produção do Bola-Belga lá também. Junto com outro produtor, o Sítio Floreada detém atualmente cerca de 80% do mercado dessa espécie no país.
Criatividade, inovação, conhecimento e capacidade de adaptação para sobreviver aos desafios de cada tempo.

Sítio Floreada

  • 1956 – Família Kortstee vem para o Brasil de navio e inicia atividades com gado de leite, suínos, cereais e citrus. São 7 filhos que trilharam caminhos distintos.
  • Em meados de 1980 tem início a produção de flores (samambaia e azaleia).
  • Em 1990 iniciam a produção de violetas, plantas verdes e crisântemos.
  • 2007 – início da produção de orquídeas phalaenopsis. Desde então, a produção é atualizada e diversificada de acordo com a procura do mercado.
  • Atualmente o Sítio produz as espécies Crisântemos Bola-Belga, Primavera, Ficus, Orquídeas Phalaenopsis, Peixinho Lambari, Cheflera e Ipomoea Black.

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